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domingo, 26 de setembro de 2010

Pontuações sobre o texto: Construções em Análise (1937)- S. Freud.

Freud inicia sua reflexão a partir de um comentário feito por um “bem conhecido homem de ciência” sobre o analista sempre ter a razão quando faz uma interpretação, diz que quando o paciente concorda , é porque ela está correta, e quando discorda é porque demonstra um sinal de sua resistência.
Freud concorda quando diz que um “sim” ou um “não” de um paciente podem ter significados ambíguos.
Coloca como trabalho da análise, fazer com que o paciente abandone as repressões de seu desenvolvimento primitivo, substituindo-as por reações mais adaptadas a uma condição psiquicamente madura.
 Sintomas e inibições são conseqüências destas repressões que foram substituídas e, portanto esquecidas.
 Existem alguns caminhos que podem fazer com que o analista conduza o aparecimento de sinais destes conteúdos reprimidos como através de sonhos, associação livre e vivências na sua própria relação com o paciente.
 A tarefa do analista é de completar aquilo que foi esquecido a partir dos traços apresentados pelo paciente, ajudando-o a reconstruir sua história.
Analista x Arqueólogo – Trabalho de reconstrução através do uso de fragmentos (paredes, alicerces, colunas, restos de pinturas etc. no caso do arqueólogo e lembranças, associações e comportamentos no caso do analista).
O arqueólogo lida com objetos já destruídos, incapazes de retornarem a sua forma original; Já o analista lida com elementos que ainda se encontram preservados. Mesmo as coisas que parecem estar completamente esquecidas, estão presentes e se encontram “enterradas” e inacessíveis ao indivíduo.
Materiais psíquicos são mais complicados que os materiais escavados, já que possuímos um conhecimento insuficiente do que podemos esperar encontrar. Possuem uma estrutura mais  refinada e misteriosa.
Para o arqueólogo, a reconstrução é o objetivo e o final de seus esforços, e para o analista, constitui apenas em um trabalho preliminar.
 O analista completa um fragmento da construção e comunica ao paciente, que por sua vez constrói outro fragmento a partir do novo material, assim o trabalho e feito lado a lado, com um dos dois (analista ou paciente), alternadamente, sempre um pouco a frente para que o outro possa segui-lo.
 Termo “construção” como uma descrição mais apropriada que o termo “interpretação”. Interpretação aplica-se a algo que se faz a algum elemento isolado do material, já construção, se dá quando se coloca ao indivíduo fragmentos de sua história primitiva que foi esquecido.    
 Não se é considerado equivoco ou falta de êxito do tratamento a apresentação de uma construção incorreta. Nenhum dano é causado se oferecemos ao paciente uma construção errada como sendo a hipótese provável. O que pode acontecer é que, se ocorrer com freqüência, o paciente pode ficar com más impressões e abandonar previamente o tratamento.
 Haverá a possibilidade de se “corrigir” a incorreta construção quando surgir um novo material que nos permita fazer uma construção melhor, sendo abandonada a construção falsa.
 Muito difícil desencaminhar um paciente por sugestão, fazendo com que aceite coisas que nós próprios acreditamos.
 Existem formas indiretas de avaliar uma confirmação do paciente, exemplos de expressões como “Nunca tinha pensado nisso antes”, ou quando o paciente responde com uma associação que contenha algo semelhante ao conteúdo da construção do analista podem ser um bom sinal.
 Uma reação terapêutica negativa, com sentimentos de culpa, necessidades masoquistas de sofrimento ou repugnância de receber auxilio, podem ser percebidos no paciente quando uma construção errada não causa alteração e  a correta provoca um agravamento dos sintomas.
 Somente o curso da análise nos capacita a decidir se nossas construções são corretas ou inúteis.
 O caminho que parte da construção do analista deveria terminar na recordação do paciente, porem nem sempre isso é possível. O que pode acontecer, é o analista produzir no paciente uma convicção segura da verdade de sua construção que alcançará o mesmo resultado de uma lembrança.
Quando uma construção força o resgate de algo reprimido pode surgir uma força de resistência que somente permita a passagem de detalhes menos significativos das recordações em vez de trazer conteúdos de maior importância.
 Talvez seja uma característica geral das alucinações, conterem conteúdos experimentados na infância que tentam retornar, porem aparecem de forma deformada e deslocada devido a resistência que se opõe a esse retorno.
 Em um quadro de delírio, o ideal seria reconhecer o conteúdo verdadeiro, separando-o de suas deformações e conduzindo-o de volta para o ponto do passado a que pertence.
 Um estado de ansiedade na qual se ocorre a sensação de que algo terrível está para acontecer, está diretamente relacionado a uma lembrança reprimida de que algo realmente ruim aconteceu.

Um comentário:

  1. Qual seria a diferença entre realidade historica e realidade material. Não consegui distinguir

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