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domingo, 26 de setembro de 2010

A Obesidade.

            A Organização Mundial da Saúde define hoje a doença obesidade como uma epidemia global, caracterizada pelo excesso de gordura corporal relacionada á massa magra, de causa multifatorial (cuja evolução causa prejuízos físicos/biológicos, psíquicos, sociais, e ambientais) e crônica (sem a existência de cura).
            Do ponto de vista emocional, também se discute a Obesidade como um sintoma psíquico que se apresenta no corpo, (tema que vem sendo abordado desde o séc. xix pela literatura francesa, que deu início a discussão da obesidade como sinais de estress).
            Através da Teoria Psicanalítica fundada por S. Freud (1900) também é possível de se compreender alguns funcionamentos desta doença.
Partiremos do conceito das pulsões descrito por Freud em 1915.
Freud define como pulsão aquilo que representa psiquicamente os estímulos corporais.
Para psicanálise, a pulsão é a responsável pela busca incessante da satisfação e que na tentativa de alcançá-la dirige-se a determinados objetos, exercendo então uma força constante que  nunca alcançará uma satisfação total.
            A pulsão tem objetos definidos, não se “alimenta” somente por necessidades fisiológicas, mas também por uma tentativa de suprir um desejo, uma busca por satisfação.    
            Segundo Freud, a busca do prazer está relacionada com a redução de uma tensão ou evitação de um desprazer, seguindo este pensamento, podemos entender a tentativa do obeso em satisfazer-se através do alimento como uma forma também de aliviar um desconforto, tensão ou ansiedade já pré existente).   
            Podemos também entender o funcionamento emocional do indivíduo obeso através da compreensão da fase que Freud irá nomear como “Fase Oral do desenvolvimento”, onde a boca é a zona erógena de maior libidinização, em que a criança busca o prazer e a satisfação, assim como o seu canal de contato com o mundo externo (x mundo interno) através da oralidade.
Mesmo esta fase progredindo para funcionamentos mais evoluidos, os registros ou uma “fixação” pode levar o indivíduo a uma readaptação deste mesmo funcionamento para a vida jovem/adulta, como se necessitasse reviver este modo de funcionamento emocional.     
            A partir destes conceitos brevemente descritos, já podemos diferenciar o “corpo” representado pela medicina (físico, químico e biológico) do “corpo” representado para a psicanálise (corpo pulsional que deseja e quer ser satisfeito).
            Em geral, umas das primeiras experiências que a criança vivencia ao nascer é amamentação (o ato de alimentar-se), que podemos julgar como uma experiência primária de satisfação através do alimento (o leite), proporcionada pelos cuidados maternos e portanto relacionadas a uma grande carga emocional.
A criança, ao ser alimentada pela mãe (ou por um representante) vivencia também uma grande experiência afetiva (juntamente com o ninar, o colo, o carinho etc.) esta criança vai registrando a boa experiência (ou casos contrários, quando isso não acontece a criança registra uma má experiência)  relacionada ao afeto e o alimento.  
Assim, o hábito alimentar deixa de ser algo somente orgânico, de necessidade física, para também representar uma forma de lidar com conteúdos emocionais. 
            A ausência do alimento (equivocadamente compreendida como fome) pode ser a representação de sofrimentos ou mal estar psíquico.
Segundo Freud, a busca do prazer está relacionada com a redução de uma tensão ou evitação de um desprazer, por isso a busca pelo alimento, também está associada á necessidade do alívio de uma tensão ou sensação desagradável.  
                Podemos dizer então que indivíduos obesos tendenciam a utilizar o prazer oral como forma compensatória para lidar com as dificuldades e desprazeres, fazendo do ato de se alimentar também uma forma de lidar com manifestações emocionais

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